• Foto: Blog Regional
  • 11 // Jun // 2025
  • 07h24

Agentes culturais repudiam tentativa de impedir roda de capoeira em Tanhaçu

Uma nota pública assinada por Yan Roberto e Vinícius Rodrigues, agentes territoriais de cultura vinculados ao Ministério da Cultura (MinC), manifestou veemente repúdio a um episódio de racismo e intolerância ocorrido no município de Tanhaçu, na região sudoeste da Bahia. O documento denuncia que o professor de capoeira Cassiano Vital da Silva Neto, coordenador do Núcleo de Tanhaçu da Associação Cultural e Artística Memória de Bimba, foi coagido por agentes ligados à gestão municipal a não realizar uma tradicional roda de capoeira. De acordo com a nota, a tentativa de impedimento aconteceu na quinta-feira (5), véspera da realização da roda, que ocorre tradicionalmente na primeira sexta-feira de cada mês no município. Mesmo diante da intimidação, os praticantes decidiram manter o evento no dia seguinte, como forma de resistência cultural e afirmação da identidade afro-brasileira.  “Esse ato representa um atentado direto à cultura afro-brasileira e aos direitos fundamentais garantidos pela Constituição”, afirma o texto, que ressalta que o episódio não é isolado, mas evidencia a persistência do racismo estrutural nas instituições públicas. A capoeira, que nasceu como forma de resistência do povo negro durante o período escravocrata, foi criminalizada no Brasil pelo Código Penal de 1890. Apesar da repressão, resistiu por meio da oralidade, da ancestralidade e da força coletiva dos praticantes. Em 2008, foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo IPHAN, e, em 2014, como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO. Os agentes culturais apontam que o ocorrido em Tanhaçu fere o artigo 215 da Constituição Federal, que garante a todos o pleno exercício dos direitos culturais, além da Lei nº 7.716/1989, que trata dos crimes de discriminação racial. “Reafirmamos que não aceitaremos o silenciamento dos nossos corpos, das nossas vozes, das nossas tradições. A capoeira não se dobra ao preconceito. A cultura negra resiste. A capoeira vive”, conclui a nota.  A Prefeitura de Tanhaçu ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso.



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